joaquim cesario de mello

UMA PONTE QUE O RIO AINDA NÃO LEVOU

 

No ontem em que já não estou

me ideava com um amanhã em que não sou

 

Algo se perdeu entre o antes e o depois

Em que hoje ficou minha outra face

que é aquela que a nenhum espelho revelo

e nem mesmos os velhos retratos sabem dela?

 

Quem fui se mistura nos nevoeiros da memória

com sonhos que a parede da vida não acordou

 

Sou uma ponte feita de dias findos e jamais

a me interligar as margens de um rio

em cujas águas alguma coisa de mim se afogou

 

Ao oceano que no fim me espera

sou aquele qual sou

e aquele outro quem não sou