Há uma rua que eu conheço bem
Ela passa em frente o meu portão
Há pulsar de carro em duas mãos
Desconstruindo o silêncio de casa
O ônibus de linha nunca se atrasa
Antes da curva ele apita pra mim
Saio alegre entre flores do jardim
Tal qual o beija-flor batendo asas
Na minha rua há diversas curvas
Que tornam turvos meu fito nela
Espio por horas na minha janela
Lá vem o carro vou partir agora
Sinto minha alma voar na aurora
Sumo na curva dos olhos vizinhos
Me sinto livre tal qual passarinho
E risco e rabisco a minha história
Nasci nesse vale verde encantado
A rua que conheço era sem asfalto
Lembro do som dos meus sapatos
De subir no salto me sentindo flor
De vestido tubinho tipo furta cor
Arrasava no baile daquele clube
O coração selvagem de juventude
Foi nessa rua meu primeiro amor
Essa rua são os átrios do coração
No compasso da vida de outrora
Pelo trânsito eu te sigo dez horas
Vou te encontrar sei teu endereço
E aonde irás essa rua eu conheço
Há flores no corredor dessa rua
Vejo suas curvas sob a luz da lua
Tu tens alma linda até no avesso
- Autor: Arlindo Nogueira (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 13 de outubro de 2023 15:47
- Comentário do autor sobre o poema: Escrevi a Poesia “Essa Rua eu Conheço”, refletido uma vida num bairro do interior. Localidade onde só existe uma rua principal, onde dela o trânsito se compartilha em pequenas vias locais. Poeticamente e usando a linguagem no sentido conotativo, ou seja, aquele cujas palavras, expressões ou enunciados ganham um novo significado em situações e contextos particulares de uso. Eu desvelei o contexto da poesia “essa rua eu conheço”, usando palavras chaves com outros significados. Por exemplo, a palavra “coração”, tem esses significados expressos nos dois últimos versos da 3ª. estrofe e no 1° verso da última estrofe: “O coração selvagem de juventude; Foi nessa rua meu primeiro amor; Essa rua são os átrios do coração”. Se a rua é o coração, o trânsito são os glóbulos vermelhos (hemácias), que após cruzarem os túneis dos átrios, seguem pelas veias como se fossem uma malha viária. De coração, essa rua eu conheço bem, no entanto, ela não é minha, como bem refere o compositor Marcos Patrizzi Luporini. Ao compor a linda canção da galinha pintadinha: “Se essa rua, se essa rua fosse minha; Eu mandava, eu mandava ladrilhar; Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes; Para o meu, para o meu amor passar”. Assim, depois dessa linda melodia das Cirandinhas, desejo a todos uma boa leitura do nosso poema “Essa Rua eu Conheço.
- Categoria: Amor
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