A ÚLTIMA CHUVA

Elfrans Silva

A ÚLTIMA CHUVA 

Acho que o mundo vai desabar !
Atroos na noite; Chove lá fora
Acendo a luz, percebo a hora
Ouço o ticar à pulsar devagar 

Pela vidraça eu vejo esbaldar
Pingos da chuva, raios, trovões 
Fortes clarões vêm relampejar
Vultos em formas de construções 

Coisas estranhas de entender:
Mundo embuido na força do além 
Se é dia solar, se é noite à chover
É só mais um dia que à outro me vêm 

Um dia aprendi orar no escuro
Pra todo o medo se extirpar
Quando garoto senti - me seguro
Junto à prece e canções de ninar 

Da minha mãe guardei o sorriso
Não dorme mais no quarto ao lado
Guardei do meu pai, desvelo preciso
Não virá mais, do trabalho, cansado 

Quem não haver de ter possuído 
Entre mazelas um mundo encantado
Melhor seria não teres nascido
Que a vergonha de não ter buscado 

Por qualidade, e não quantidade
Ensina pra mim o tempo lá fora
Tanto barulho causa tempestade
Mas, com a alma, a paz corrobora 

Males e bens não merecidos
Ou escolhidos no jogo da sorte
Quem reconhece pecados contidos
Dar-se-à melhor na hora da morte 

Talvez seja esta a última chuva
Talvez amanhã, meu último sol
Quem não perdoa, do amor, enviúva
Não vê meio-dia e nem arrebol 

Acho que o mundo vai desabar
E que o poema têm muito a dizer
Sob escombros não penso ficar
Deus reconstrói, se tal suceder

  • Autor: Elfrans Silva (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 3 de outubro de 2023 14:55
  • Comentário do autor sobre o poema: Há muitas formas de sons e barulhos no mundo. Talvez tenhamos chegado à meia-noite pelo relógio divino. Ao Seu limite. Tenhamos, sempre, a esperança de um novo amanhecer. A esperança de nos reconstruirmos sobre o alicerce do Amor que ainda cremos.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 15
Comentários +

Comentários2

  • Tereza Mendonza Lima

    Sempre haverá um sol, as noites, ela voltará sempre, a verter suas lágrimas pelo imenso poder universal(Deus).

    Mas, eles dormem suas eternidades, mas seus últimos suspiros foi ou foram os filhos.

    O silêncio que a água vertida derrama, com ou sem barulhos, existe o verdadeiro significado de sua benificencia, ou irá.

    Ele ensinou que o maior clarão, ou trombetas, poderá ser sua presença silenciosa a mostrar o quanto os anjos ( nós) somos frágeis mesmo carregando em seus caminhos, canudos e papel com timbres.

    Boa noite, não esqueças...sua criança cresceu, porém clama o colo que dorme, em seu coração.

    Saudações. Att

  • Elfrans Silva

    Olá, poetisa tereza.lima, agradeço seu comentário, e confirmo essa ausência do colo que dorme em meu coração. Só as saudades não dormem. De verdade, qdo criança, aprendi a orar no escuro, e isso me sustenta até aos dias de hoje, mormente no que diz respeito aos temporais que nos assolam vida afora. Os vultos noturnos da infância, são reais agora, toda vez que passo temporais. Mas, eles ruem também. O amor, que ainda creio, me reconstruirá após os temporais, até a ÚLTIMA CHUVA, aqui. Seu comentário destacou pontos importantes: sempre haverá um Sol ( o Deus da Justiça é Eterno); e sempre honrarei os "colos" dos que me ensinaram a orar no escuro. Desejo a ti o melhor da vida. O melhor de Deus. Forte abraço. Graça e paz. Felicidades



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