Arlindo Nogueira

EU TE AMO



De prancha de surf eu fui pro mar  

Pra sentir o gosto salgado na onda

Tal qual lágrimas que me sondam

Em lavinas descem no rosto por ti

O mar bravio surfando eu nem vi  

Na onda teus cabelos esvoaçantes

Que o vento soprava fios elegantes

Pelo mar fugidio distante de mim

 

Naquela imensidão você evapora

Pela maresia apartou-se de mim

Remando se vai pelo mar sem fim  

Há no cais o amor que plantamos

Cresceu e floresceu durante anos

Num fugaz momento o mar levou

Somente um sonho na praia ficou

No eco da voz dizendo “eu te amo”

 

Planando nas ondas o mar me leva

Rumo incerto só guiado pelo vento

Me afasto do cais sigo mar adentro

Há mistério na vida eu quase sumo

Embebido no mar viro suprassumo

Pra além do oceano a retina não vê 

Fito o pôr do Sol pensando em você

A prancha de surf segue sem rumo

 

O amor faz coisas que Deus duvida  

Há um ditado de que o amor é cego

No meu astigmatismo dito não nego

Te procurar pelo mar nada justifica

Você já passou tal qual água da bica

É eterno enquanto dure tipo a magia

E desprover-se de amar é vã filosofia

Por isso amor se vive e não se explica 

  • Autor: Arlindo Nogueira (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 1 de Outubro de 2023 00:08
  • Comentário do autor sobre o poema: Escrevi a Poesia “Eu te Amo”, agendando uma reflexão sobre amar alguém que some nas ondas do mar. Essa reação pode ser explicada, por quem estuda a “vã filosofia”, onde o homem acha que sabe tudo. No entanto, navegar por estes mares, ora calmos, ora agitados, podemos entender a sensação de viver e amar nas águas salobras do mar. A nossa poesia vem desbravar uma história de amor, que extrapola o clichê romântico e passa ser um filme de suspense. É um drama onde alguém de prancha de surf, navega em busca de seu amor, enfrentando as adversidades das águas do mar. É no mar adentro que se sente o gosto salobro das águas mesclado nos sabores exóticos das lágrimas. Conforme os versos 3° e 4°, da 1ª. estrofe: “Tal qual lágrimas que me sondam; Em lavinas descem no rosto por ti”. Diante disso tudo, ele vira um vilão do mar, que o leva sem destino certo e embebido pelas ondas quase some. Mas o amor, em suas silhuetas parece emergir das profundezas do mar e atormentar o surfador apaixonado, que busca nas ondas seu amor. Em nosso poema fica registrado um dissabor desse surfista, pelo fato de não conseguir mais contato com sua amada. Isso está explícito no 4° verso da última estrofe: “Te procurar pelo mar nada justifica”. Porém, essa tese não está bem resolvida e fica evidenciada nos dois últimos versos da última estrofe: “E desprover-se de amar é vã filosofia; Por isso amor se vive e não se explica”. Disse o JD Castelo Branco, “se quer de verdade viver esse amor, entenda que amar é não ter que pedir perdão”. Boa leitura a todos.
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 4

Comentários1

  • Maria dorta

    Foi bonito o poema,desabafando sua van ilusão de achar um amor perdido. Poema bem escrito,seguindo todo o rito poético e com uma exegese explicativa que revela o cuidado do poeta com a compreensão de sua obra. Aplausos!

    • Arlindo Nogueira

      Olá Poetisa Maria dorta! Que alegria receber seu comentário em meu poema, sempre afetuoso e de profunda sensibilidade poética. Muito obrigado! Forte abraço.



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