De prancha de surf eu fui pro mar
Pra sentir o gosto salgado na onda
Tal qual lágrimas que me sondam
Em lavinas descem no rosto por ti
O mar bravio surfando eu nem vi
Na onda teus cabelos esvoaçantes
Que o vento soprava fios elegantes
Pelo mar fugidio distante de mim
Naquela imensidão você evapora
Pela maresia apartou-se de mim
Remando se vai pelo mar sem fim
Há no cais o amor que plantamos
Cresceu e floresceu durante anos
Num fugaz momento o mar levou
Somente um sonho na praia ficou
No eco da voz dizendo “eu te amo”
Planando nas ondas o mar me leva
Rumo incerto só guiado pelo vento
Me afasto do cais sigo mar adentro
Há mistério na vida eu quase sumo
Embebido no mar viro suprassumo
Pra além do oceano a retina não vê
Fito o pôr do Sol pensando em você
A prancha de surf segue sem rumo
O amor faz coisas que Deus duvida
Há um ditado de que o amor é cego
No meu astigmatismo dito não nego
Te procurar pelo mar nada justifica
Você já passou tal qual água da bica
É eterno enquanto dure tipo a magia
E desprover-se de amar é vã filosofia
Por isso amor se vive e não se explica