Ontem eu fui chamado de velho. Sem nenhum trauma em relação a minha idade cronológica, eu afirmei que sou mesmo um velho, talvez eu seja da idade média, procure então uma enciclopédia e talvez possamos dialogar. Segundo o dicionário, velho é quem tem muito tempo de vida ou de existência, então venha para minha querência e talvez você aprenda que idade, muito mais que um numeral, é algo fenomenal, sinônimo de sobriedade.
Ontem eu fui chamado de velho, talvez por estar ouvindo rock and roll ou talvez por não acreditar na importância de um gol, sei lá, talvez seja por tentar entender as agruras da alma. Mas tenham calma, não vou discorrer sobre psicologia, psiquiatria ou outra ciência qualquer, não vou falar de competições, de ilações ou diferenças entre homem e mulher, eu prefiro falar de sentimentos, aproveitar os momentos e incentivar a leitura, porque se você não gosta de ler, jamais vai entender algo além de uma figura.
Sim, ontem eu fui chamado de velho, aproveitei para fazer piada, brincar com minha idade, os valores da sociedade e outras coisas banais, porque sou do tempo dos discos de vinil, das fitas cassetes, tatuagens de chicletes e das comemorações do mês de abril. Ah, você não entendeu as referências? Tudo bem, você ainda é jovem, e talvez ao envelhecer você consiga entender a importância do conhecimento, da literatura e do fomento para o mundo entreter.
Sim, ser chamado de velho é até elogio, porque nesse mundo vazio, valores humanos são preteridos, enquanto são consumidos valores banais, boutiques de redes sociais e sorrisos boçais de quem não tem conteúdo. São chamados “influenciadores”, mas o que propagam são dissabores aos que não possuem anticorpos para a sua defesa, e sem nenhuma destreza se deixam levar pela beleza virtual.
Sim, realmente sou velho, e nesse mundo abissal ainda creio na utopia, na amizade, sinceridade e primazia, de quem tem valores, quem respeita as dores de seu semelhante, quem na correria do dia a dia, para um instante para ouvir um amigo, oferecer um abrigo a quem necessita. Sou velho, eu sou de século passado, cinquentenário, datado, mas com ideologia, acredito nos astros, nas flores, nos passarinhos e ainda ouso rabiscar poesia.
Jose Fernando Pinto
- Autor: Jose Fernando Pinto ( Offline)
- Publicado: 11 de setembro de 2023 10:23
- Categoria: Amor
- Visualizações: 19
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Comentários4
Nossa! José Fernando que aula linda! Somos velhos e poetas!
Abraços!
Gratidão meu amigo, grande abraço!
Muito profunda e bela publicação! Parabéns! E realmente temos muitos qualidades e virtudes que muitos jovens não têm. Bom início de semana! Um abraço.
Obrigado caro Vilmar, como disse o poeta Arnaldo Antunes, "a coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer", grande abraço!
Parabéns poeta pela poética! Ser velho é ser dotado de alegrias e agruras também! TOP!
É verdade querida Neiva, envelhecer não é fácil, mas apesar de tudo, envelhecer é um presente, grande abraço!
Fantástico! caro poeta, disse tudo e fê-lo muito bem, caprichosamente, com a vasta sabedoria que só os anos trazem. Parabéns. Abs.
Obrigado meu amigo, grande abraço!
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