Carlos Lucena

NAS MESMAS ESQUINAS

NAS MESMAS ESQUINAS

Corre os meus olhos 
pelas passagens
E vi o banco que ainda está lá
Como se o passado fosse hoje.
E me ponho diante 
dessas miragens.
Vi as horas em um relógio 
que anda devagar
Ou que o tempo 
não quer marcar
E o mesmo vento 
de antes a soprar...
Sentei-me sob 
a sombra de uma árvore rala
E admirei suas raízes 
no solo que resvala
Como que a escorregar no tempo que ainda fala.
Sorri ao bêbado
Que ainda insiste
Nos seus goles
E que ainda traga
E sorve a aguardente
Num resto de gente 
que ainda existe.
Encontrei o menino 
que não usa mais calção 
Mas de sorriso
Que ainda lhe molda o coração.
Entranhei-me 
por pedras e ladeiras
Qual noite
Qual dia...?
Tudo traz-me 
Das lembranças as primeiras
E nessas esquinas
Já tão incandescentes 
Já não mais faróis 
nem lampiões
A outra claridade se destina
Não mais à missas 
nem sermões
Porém à saia curta 
das meninas!

  • Autor: Carlos (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 22 de Agosto de 2023 01:14
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 2


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.