O sol ainda brilhava naquele céu, embora o tom rosa alaranjado começasse aos poucos a se apagar
O espetáculo de cores e luzes tocava as águas escuras, retumbando nas ondas como espelhos celestiais
Não havia ruído algum, a não ser a silenciosa melodia das ondas, batendo aos poucos contra meu barco
Enquanto mais um ciclo se completava, indiferente a todos os meios que se possam julgar naturais.
Ela então chegou bem devagar, seus passos contados e graciosos faziam dela tão única naquela paisagem
"Quem a haveria pintado? Quem haveria ousado fazer com que cada detalhe seu fosse uma obra prima?"
O vestido branco lhe fazia jus ao corpo, e bailava elegante a cada passo elegante de sua dança primordial
Um guarda chuva na mão, pincelando em sombras o rosto angelical, o deixando quase crepuscular aos meus olhos.
Logo chegou até mim. Ela então abaixou o guarda chuva, me presenteando com sua face digna de uma divindade
"Mesmo eu, que sou o fim!" Pensei, quase cambaleando, senti o rosto corar diante de tão radiante beleza
Seus olhos castanhos eram como diamantes reluzentes, e que refletiam a mesma arte que somente o sol poderia criar
"Seria tudo isso um sonho?" E assim, ainda formulando palavras em minha mente lhe estendi a mão.
Toquei sua pele, senti a delicadeza de uma natureza sempre viva, transbordando o belo em sua essência
- Achei que de tudo sabia! Mas nada realmente entendia! E perdido nesse êxtase profundo me deixei navegar
A voz que me fugia aos suspiros. Como queria eu ter lhe perguntado ao menos o nome, ao menos uma palavra
Sua boca imaculada, tão formosa e delicada, fechada permanecia; seu coração trancado em baú seguro.
Ela me deu um leve sorriso, e logo um novo amanhecer surgiu em meu peito, o jardim perfeito apenas para ela
"Que amor é esse que me arrebata?" Questionei-me relutante em minha própria fé ainda mau amada
Nada podia fazer quanto a tudo aquilo, embora desejasse despertá-la daquele transe. Mas ela parecia tão sossegada
Lacrimejantes se tornaram meus olhos, relutante ficou meu coração, ao aperto firme de seu sorriso.
Antes de qualquer gesto, as ondas bateram o barco, a cadeia foi iniciada, a vida segue o eterno fluxo
- Minha amada imortal de branco. Como pude eu cair por ti?... eu que jurei ser somente o fim, e para todos conciliar?
Vejo que nenhum limite é capaz de abater a beleza de uma alma, que seu caminho trilhou pelas vastas dores
Sei que o tempo é justo! Pois me trouxe ser tão puro, em momento tão oportuno, pois até a morte se apaixonou.
Pleno o rio guiava os passos, nas marés tranquilas de sua vida, regada aos prazeres de se doar
Doar ao mundo sua pureza, sua beleza, sua delicadeza, seu amor, sua compaixão, sua incapacidade de fechar os olhos
Encheu o mundo com sua luz, fez o que somente a estrela ardente sonhou: iluminou a todos sem exceção
Então descansa minha rainha, dorme o sono que é dos justos, sonha o sonho dos eternos, volte a luz que te criou.
- Autor: Louis ( Offline)
- Publicado: 20 de agosto de 2023 00:59
- Comentário do autor sobre o poema: Este escrito é dedicado as almas cheias de fraternidade, justiça, generosidade, compaixão, amor... Pois nem mesmo o tempo ou a morte são capazes de apagá-los.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 6
Comentários1
Lindíssimo!!!!!
Aplausos.
Obrigado!
Fico muito honrado que tenha gostado.
Abraços!
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.