Derivar - Urge viver a minha vida (gotta live my life and shine my light)

Letícia Alves



Derivar do impulso humano.
A fragilidade da arte; o encanto.
Canto no enquanto.
E amo enquanto ando.
Colorido, mas triste,
corporizo a felicidade
e anoiteço com a tristeza
desmotivada, desfeita.


A mistura do momento
marcante de brilhantes,
é como a borboleta,
encantadora e fugaz.


Aí se escondem os mistérios
mais bonitos, mágicos –
produto híbrido e desafiante,
que constrói na alma
e no coração algo inquietante.

Nessa altura como remédio,
debruço-me no retiro do mundo
maternal das águas claras,
Me retiro do mundo por instantes.
Jogo esse ¹dualismo nas fronteiras
difusas, nuas, encarando os
nossos novos horizontes,
abertos, lavados.
Derivo da mente purificado.

 

¹ René Descartes (filósofo e matemático) propôs o dualismo das substâncias (que seriam uma entre duas coisas: res cogitans [coisa pensante] ou res extensa [coisa extensa]). Para ele o espírito e o corpo seriam nitidamente distintos. Espírito e matéria constituiriam dois mundos irredutíveis, assim não seriam nunca uma substância só, mas sempre duas substâncias distintas. 

Comentários +

Comentários1

  • Sergio Neves

    SERGIO NEVES - ...minha querida Letícia...,...tu tás muito profunda nesse negócio de poesia! ...esses teus tais "libertadores" poemas são de uma intensidade poética/"vocaburálica"/"almal" que impressiona bem...,...e o que dizer das "imagens poéticas" das quais tu lanças mão para contextualizar a tua inspiração? ...consegues com elas dar um sentido bem marcante ao que pretendes transmitir...,...de onde tiras essas coisas? ...belo inspiracional esse teu! // ...muito bom! // (PS - ...sobre a canção: ...tô começando a dar razão a ti...,...esses asiáticos têm mesmo o jeito pra esse negócio de música...) /// Meu carinho, agora "libertada" menina.

    • Letícia Alves

      Muito obrigada pelo comentário e, respondendo a sua pergunta ("de onde tiras essas coisas?"), eu simplesmente obtenho muita inspiração dos livros que leio, inclusive poetas brasileiros que me fazem ter momentos de 'insights' enormes. Esses dias li o livro 'Farewell' do Drummond e é fabuloso! Escrevi um bocado enquanto lia e depois mais um pouco quando terminei.
      Mas, no geral, além dos livros, uma pintura ou uma certa música, me fazem pensar sobre muitas coisas, escolho um tópico desse pensamento embaralhado e tento escrever sobre aquilo.. É assim que funciona. Acho que, no final, minha escrita é sempre resultado - um mero resultado - da arte que consumo.

      P.S. Gostei que está começando a apreciar as canções asiáticas, mais precisamente as coreanas haha

      Abraços de luzes!



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