AMOR NÃO SE EXPLICA

Arlindo Nogueira



Eu fui navegar nas ondas do mar

Pra sentir o gosto salobro da água

Tal qual o gosto da minha lágrima

Que a muito tempo derramo por ti

Tempo que passou e quase nem vi

Somente hoje meu cabelo grisalho

E as folhas amarelas no calendário

Sinalizam o tempo fugidio de mim

 

Naquele voou você foi pra Europa

Teu ser de amor apartou-se de mim

Na nossa casa àquela flor no jardim

Que juntos um dia nós o plantamos

O pé cresceu floresceu muitos anos

Só que a mão do tempo a flor secou

Nesse espaço só meu coração ficou

Pulsando átrios dizendo “eu te amo”

 

Pelas grandes ondas o mar me leva

Destino incerto a caminho do vento

Se a terra se acaba sigo mar adentro

Num barco a vela na onda eu sumo

A ausência dói eu não me acostumo

Pra além do oceano a retina não vê 

Fito o pôr do Sol pensando em você

E na boca da noite a lua é meu rumo

 

O meu romantismo por você é louco

É certo o ditado de que amor é cego

Meu astigmatismo no olho não nego

Insistir em te amar já não se justifica

Você foi embora tal qual água da bica

Eterno enquanto dure é só uma magia

Desprovido de amor é da vã filosofia

O sentimento se vive e não se explica

 

  • Autor: Arlindo Nogueira (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 10 de julho de 2023 23:39
  • Comentário do autor sobre o poema: Escrevi a Poesia “Amor não se Explica”, refletido uma frase da crônica de Mery de Almeida – “O amor pode ser exato, mais não pode ser compreendido e muito menos ensinado no prisma da ciência exata ou empírica”. Pois costuma-se conceituar o amor a um sentimento muito forte de afeto entre duas pessoas. Esse sentimento é tão intenso que é capaz de unir essas duas pessoas sob quaisquer circunstâncias, mesmo diante das distâncias, das dificuldades e das provações da vida. A nossa poesia já na primeira estrofe, indica a voracidade do amor, nos versos 2, 3 e 4, quando fala: “Pra sentir o gosto salobro da água; Tal qual o gosto da minha lágrima; Que a muito tempo derramo por ti”. Igualmente nos 3 últimos versos da 2ª. estrofe, que diz: “Só que a mão do tempo a flor secou; Nesse espaço só meu coração ficou; Pulsando átrios dizendo “eu te amo”. Além disso, e talvez consciente da realidade, enfatizamos as consequências da dependência emocional, tematizando como centralidade do poema na última estrofe. O meu romantismo por você é louco; É certo o ditado de que amor é cego; O sentimento se vive e não se explica”. Boa leitura da nossa poesia, sem esquecer a frase da psicanalista Tatiana Ades: quando ao se referir sobre a origem da cegueira emocional, disse: -Uma coisa é a paixão, que faz o apaixonado ficar um pouco “cego”. Outra é não conseguir ver erros do parceiro...”.
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 5
  • Usuários favoritos deste poema: Lia Graccho Dutra
Comentários +

Comentários1

  • Lia Graccho Dutra

    Bom dia,
    Mestre Arlindo:

    Que maravilha
    essa sua poética
    que nos fala
    do amor.
    Parabéns,
    querido Mestre!
    Efusivas palmas!

    O amor …
    Um sentimento
    magnânimo
    cheio
    de
    antíteses,
    conflitos
    e desencontros.
    Mas, também,
    cheio de encanto,
    satisfação
    e contentamento.
    Nesse jornada
    da vida,
    vamos
    amando
    e aprendendo…
    Vamos construindo
    e desconstruindo
    a nossa forma
    de amar.
    Sempre
    em busca
    da realização,
    da plenitude
    e da felicidade.


    Forte abraço,
    Lia

    • Arlindo Nogueira

      Olá Lia! Você é surpreendente, além da subjetividade ímpar tem luz no olhar. Consegue ver nas entre linhas a figura pela qual se opõem, numa mesma frase, duas palavras ou dois pensamentos de sentido opostos. Parabéns! Adoro seus comentários. Com carinho meu forte abraço.

      • Lia Graccho Dutra

        Olá, Mestre Arlindo:

        Então, estamos
        conectados pela
        reciprocidade.
        Porque , além
        de apreciar
        às suas
        postagens,
        gosto muito
        da precisão
        analítica
        de seus
        comentários!

        Boa tarde!
        Abraço,
        Lia



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