Fermento

noi soul

Perco os melhores poemas enquanto mastigo o pão

entro no devaneio das preciosas palavras

– Para quê?

Não me recordarei depois…

E, enquanto mastigo a massa cozida, coesa, comprida

invento canções e alaridos

das rimas sou anjo cupido

e não há caneta e papel

nem mesmo azeite com mel

para celebrar a poeta

– a poeta que sou lá!

no mundo onde ninguém me vê

na escuridão das intempéries

no exausto labor do encontro

de tudo o que poderia vir

e nunca veio

de tudo o que poderia ser

e nunca é

com tempos verbais débeis

ou verborragias

com lacunas e frestas

com enfeites ou peças

nada existindo outra vez

e o pão escorrega seco goela adentro

talvez ele encontre os versos em mim

que eu

… eu ainda não me dei.

 

  • Autor: noi soul (Offline Offline)
  • Publicado: 10 de julho de 2023 12:16
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5
  • Usuários favoritos deste poema: Shmuel
Comentários +

Comentários1

  • CORASSIS

    Um poema bem temperado, como resultado um pão saboroso !
    Espetacular poema .
    Abraço poetisa .

    • noi soul

      Gratidão por sua preciosa presença! Um abraço 🙂



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