Sobras de pó
se escondem
nos monturos que
fazem das lembranças
a ocasião sem vultos,
o momento sem olvidores,
e a dor como onipresença.
E quando a festa começa
servem-se o vinho,
armam-se os coldres,
os fantoches rodopiam
ao cinzel da lona.
O laço faz o botão
e guerreiros armênios
pousam suas carquilhas
na palha-de arroz.
Não há mais nada de nobre
em tentar reconciliar
a pólvora com o fogo;
ela, dizimada, afogou-se
em lembranças do ninguém;
e ele arredou-se para o doce
canto dos pássaros que já
não se fazem
altivos.
Pois a chaga faz o ardor e
rebuliça as asas feridas.
E se foi uma história de duas
argolas:
ela não nasceu prá ele,
e os céus cinzentados
mostraram que ele não
nasceu prá ela.
Frutos de um tempo que machuca!
Faz-se uma comunhão de
dores e pesares,
dores e costados de feridas.
E ela parte pra seu lado,
sem colo,
e e ele caminha
em direção de qualquer
parador.
Paciências de amor !
Agora, onde existe a sombra
que guarda lá sua guarita.
Mas o tempo sem honra
encarregou-se de fazê-la
uma mulher sem sombra.
Ela? Perdeu-se
ao vento,
aquele mesmo
que a acariciava
nos pessegais!
Foi quando tudo morreu
inocente,
e ela passou a viver
pelas Casas de Orfeu
- Autor: Jose Kappel ( Offline)
- Publicado: 2 de julho de 2023 07:07
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 6
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.