Marçal de Oliveira Huoya

Estranho mundo novo

“Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, cegos que veem, cego que vendo, não veem.” (José Saramago)

 

Cegos saramagos

Mentes polianas

Alheios a repetição da história

Vagos alunos sem memória

Cantam, dançam borboletas

Enquanto penhoram suas asas

A abstrações obsoletas

A renascidos torquemadas

 

Sobre a cidade adormecida

Gradativamente a noite e a neblina

Deitam uma cortina pesada

Sufocando, amordaçando

Controlando entradas e saídas

De multidões alienadas

 

Suavemente

Acorrentando-os um a um

A raridade da cidadania ofendida

Agora é uma coisa comum

Saqueadores recompensam

Abastados saltimbancos saltitantes

Para que ajudem a apagar as luzes

E entretenham o povo

Assustados avestruzes

Submissos escravos ignorantes

 

É um estranho mundo novo

Pelo não ou pelo sim

Eu acuso

Novas bruxas de Salem serão queimadas

Dreyfus será condenado enfim

A liberdade lhes será tomada

E assim

Todo o direito será intruso

  • Autor: Vênus (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 16 de Junho de 2023 22:55
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 2


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