“Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, cegos que veem, cego que vendo, não veem.” (José Saramago)
Cegos saramagos
Mentes polianas
Alheios a repetição da história
Vagos alunos sem memória
Cantam, dançam borboletas
Enquanto penhoram suas asas
A abstrações obsoletas
A renascidos torquemadas
Sobre a cidade adormecida
Gradativamente a noite e a neblina
Deitam uma cortina pesada
Sufocando, amordaçando
Controlando entradas e saídas
De multidões alienadas
Suavemente
Acorrentando-os um a um
A raridade da cidadania ofendida
Agora é uma coisa comum
Saqueadores recompensam
Abastados saltimbancos saltitantes
Para que ajudem a apagar as luzes
E entretenham o povo
Assustados avestruzes
Submissos escravos ignorantes
É um estranho mundo novo
Pelo não ou pelo sim
Eu acuso
Novas bruxas de Salem serão queimadas
Dreyfus será condenado enfim
A liberdade lhes será tomada
E assim
Todo o direito será intruso