Arlindo Nogueira

O TEMPO

Que a mão do tempo nos proteja

Há revoada de chuvas na colina

Chove um dia o outro esbraveja

E tudo se some na densa neblina

 

Ventos sopram a farfalhar a folha

Na boca da noite o dia perde a cor

Tempo brejeiro envelhece a tralha

Eu sinto ausência do primeiro amor

 

Chove torrencial e coalha a lama

Estrada estreita aberta na estação

Perfume da flor invade entranhas

Instigando a fera pulsa o coração

 

Linda fada com tranças na ilharga

Pássaros cantam há uma tormenta

Antes chora a seca agora ri d’água

É água de março de chuva violenta

 

Onde a terra termina o mar principia

Camões disse um dia, o tema é justo

Nas tardes um disco sozinho ouvia

Insisto à toa sem ter senão um susto

 

  • Autor: Arlindo Nogueira (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 14 de Junho de 2023 02:32
  • Comentário do autor sobre o poema: Escrevi a Poesia “O Tempo”, na estrutura de texto literário, cuja poesia é composta de versos, estrofes e, por vezes, rima. Por conseguinte, nosso poema tem uma pitadinha camoniana, quando se personifica o tempo, elencando figura de linguagem. Por exemplo no 1° verso, da 1ª. estrofe: “Que a mão do tempo nos proteja”. Há metáfora, tal qual há nos versos de Camões, em Os Lusíadas. No canto IV, na estância 30: “Derriba, e encontra, e a terra enfim semeia / Dos que a tanto desejam, sendo alheia”. Esses recursos estilísticos referem-se a palavras ou expressões conotativas, portanto, apresentam um sentido que ultrapassa a linguagem comum, literal ou denotativa. Então, se, por exemplo, escrevemos que “Arlindo é um doce”, não queremos dizer que ele é uma rapadura, mas que é uma pessoa afável. Boa leitura do poema “O tempo”, lembrando que sempre é importante dar tempo ao tempo.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 3


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.