Que a mão do tempo nos proteja
Há revoada de chuvas na colina
Chove um dia o outro esbraveja
E tudo se some na densa neblina
Ventos sopram a farfalhar a folha
Na boca da noite o dia perde a cor
Tempo brejeiro envelhece a tralha
Eu sinto ausência do primeiro amor
Chove torrencial e coalha a lama
Estrada estreita aberta na estação
Perfume da flor invade entranhas
Instigando a fera pulsa o coração
Linda fada com tranças na ilharga
Pássaros cantam há uma tormenta
Antes chora a seca agora ri d’água
É água de março de chuva violenta
Onde a terra termina o mar principia
Camões disse um dia, o tema é justo
Nas tardes um disco sozinho ouvia
Insisto à toa sem ter senão um susto