Ao passar distante da minha retina
Na outra esquina da rua do centro
Cabelos encaracolados pelos ventos
Segue o ritmo da canção da cidade
Olhar de soslaios nas curiosidades
Desvela o constructo daquele amor
Que ficou na cimeira corola da flor
Pulsando teus átrios pela saudade
Seu amor é como o néctar da flor
Onde o beija flor busca energias
Seu palmilhar é na ilha da magia
Todos param diante seu encanto
Você é poesia que eu faço e canto
E pelas dunas de areias dissipam
Cintilar das ondas que crepitam
Qual contraste de riso e pranto
O pensamento as vezes é fugidio
Tal qual lagrimas de madrugada
Que só pela noite é testemunhada
Vertida do medo daquela esquina
Sombreada e deserta duma retina
Segredando um amor aos ventos
Que prefere apagar com o tempo
Desse coração incerto de menina
- Autor: Arlindo Nogueira (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 9 de junho de 2023 02:45
- Comentário do autor sobre o poema: Escrevi a |Poesia “Coração Incerto”, ao refletir sobre uma frase de Emanuel Wertheimer, que escreveu: “O amor, para durar, reclama incerteza”. Na realidade a convicção da incerteza, gera a desilusão daquilo que poderia acontecer ou quase aconteceu. Assim, essa incerteza incomoda a todos nós, do que poderia ter sido e não foi. A incerteza corre nos trilhos do quase, quase deu, quase chegou, quase passou, quase amou ou não amou. Portanto, as incertezas são oportunidades que escaparam, chances que se foram embora, talvez por medo de arriscar e se dar mal. No entanto, essas ideias nunca sairão da cabeça, do papel e da mania de viver no outro. Minha poesia tem centralidade da incerteza, nos quatro últimos versos da 1ª. estrofe: “Olhar de soslaios nas curiosidades; Desvela o constructo daquele amor; Que ficou na cimeira corola da flor; Pulsando teus átrios pela saudade”. Assim sendo, a incerteza leva a escolher uma vida descolorida, estampada nas ações, como: frieza no sorriso, abraços e apertos de mãos com frouxidão e indiferença nas saudações pessoais. Enfim, incerteza é um verbo do modo subjuntivo, utilizado para indicar um fato incerto, que exprime condição e dúvida. Conforme os três últimos versos, da última estrofe do nosso poema: “Segredando um amor aos ventos; Que prefere apagar com o tempo; Desse coração incerto de menina”. Boa leitura da nossa poesia a todos, que por certo, em algum momento tiveram, têm ou terão que conjugar o verbo da incerteza.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 14
- Usuários favoritos deste poema: Lia Graccho Dutra
Comentários1
Boa noite,
poeta Arlindo!
Parabéns pela bela
e profunda poética!
A incerteza
faz parte
da impermanência
da vida.
Se tudo fosse
sempre linear
estaríamos
fadados
a estagnação
ou involução.
Quanto
as relações
de amor,
também,
não há
certeza
alguma.
Tudo é uma
construção
diária…
Onde
um pouco
de mistério
e algumas
gotas
de dúvida
aguçam
o interesse
do outro.
Abraço,
Lia
Olá Poetisa "Lia", você é incrível! Ao tecer comentários sobre o poema "coração incerto", você o fez com outro poema, isso prova que a poesia está dentro de ti. Lendo um poema seu "Em busca de você", onde nos primeiros versos diz: "Naveguei por oceanos. Atravessei desertos. Caminhei em várias trilhas. Peregrinei nos vales". Eu quisera, num pretérito mais-que-perfeito, andar na contramão desses lugares..., que com certeza iria encontrá-la. Meus aplausos!
Bom dia, poeta Arlindo!
Que riqueza de interação
que a poesia
nos propicia.
Gratidão
e
carinhoso abraço !
Lia
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