Eu bebo para lembrar um grande amor.
Eu bebo, lembro, esqueço, ciclicamente.
No esquecimento, revelo toda minha culpa.
Na lembrança escondo o que deixei de amar.
Não conjuguei esse verbo em tempo certo.
No pretérito, teria sido mais que perfeito.
Era um presente e hesitei: futuro imperfeito.
Ele chegou brisa, eu perseguia tempestades.
Deitou-se orvalho em relva, eu, inundações.
Cuspi na boca que eu comia!
Fiz da incompletude o meu maior castigo.
Feri com ferro que me feriria.
Abri mão de um grande amor e da poesia.
Arrebanhei palavras por coisas de não se amar.
Entrincheirei versos para lutarem contra mim.
Lembrar minhas estrofes arregaça feridas.
Esquecê-las, ébrio, torna-me menos vazio.
Eu bebo, esqueço, lembro, ciclicamente.
“Eu bebo para esquecer meus poemas”.
- Autor: Antonio Luiz ( Offline)
- Publicado: 7 de junho de 2023 08:09
- Comentário do autor sobre o poema: Escrevi esse poema a partir do trecho "Eu bebo para esquecer meus poemas, e também lembrar um grande amor", de Pedro Gabriel, em "Eu me chamo Antônio". A quantidade de versos (livre) em cada estrofe está associada, de certa forma, aos elementos de uma sequência de Fibonacci, sendo 1 - 1 - 2 - 3 - 5 - 3 - 2 - 1 - 1.
- Categoria: Amor
- Visualizações: 8
Comentários2
Não há nada de plágio em teu poema! Você,como muitos outros bons poetas, confessa ter se inspirado em alguém que o tocou. Não chega a ser um " pecado" na bíblia poética!
Antes de tudo, saiba que fico extremamente lisonjeado de ser classificado entre os bons poetas por alguém de seu calibre: muitíssimo obrigado. Grato também pela leitura e pelos, sempre tão gentis, comentários!
“Eu bebo para esquecer meus poemas”.
Bela ordenação e construção poetica!
Abraços!
Grato pela leitura e pelo comentário, caro poeta! Abraços!
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