FIM

Felipe Santana

FIM!!!!!!
É com poucas palavras que descrevo

O meu sepultamento.

Assim com tantos que aqui esteve,

O tempo não foi diferente comigo.

 

E como num sussurro de vento brando,

 Esta vela, que sou eu, se apagou.

Mas não me vale lembrar o que deixo,

 Tão pouco, o que levo.

 

A única certeza até aqui,

Que terei um breve velório.

E as visitas ficarão limitadas,

Aos poucos conhecidos e aos vastos curiosos.

 

E em meio a tantas rosas,

Estarei bem vestido de branco.

E já acomodado dentro do meu paletó de madeira,

Espero calmamente o destino da vida inteira.

 

Quem dera tudo fosse resumido,

Em sete palmas de terra.

Daria para escrever uma coletânea

De quase uma vida eterna.

 

Tic -tac, tic -tac, tic tac

E as horas se passaram como uma torneira aberta.

Já estão abotoando o paletó de madeira.

Pois todos se encontram em prontidão.

Para o cortejo.

 

Pra quê tantos carros e motos?

Mera besteira!

Deviam todos irem a pé,

 É bem ai, uma légua e meia.

 

E lá se vai eu.

Em riba de uma carroça , puxada por + de 100 cavalos.

Todos em ciclônica em galope

Passo a passo, uma esticada para chegar logo,

Ao destino já traçado.

 

E antes mesmo do pôr do sol

Sem muita enrolação.

Do pai, do filho e do espirito santo

Já desciam o caixão.

 

Pronto, estais consumado.

Já escuto ao longe as trombetas

Cânticos de louvores.

E uma luz aconchegante

Que nos envolve inteiramente.

FIM. 

 

FS

  • Autor: Felipe Santana (Offline Offline)
  • Publicado: 25 de maio de 2023 20:02
  • Comentário do autor sobre o poema: Este poema é um fragmento abstrato de um olhar crítico e analítico a um velório, que nos retrata a fragilidade da carne, o tempo que passa e não pode retroceder. Há uma comparação simbólica que somos como velas acessas, despertando a fragilidade do tempo cronológico e natural. E aquele fogo que nós carregamos desde criança, suas chamas vão diminuindo com o passa do tempo.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 6
Comentários +

Comentários1

  • Maria dorta

    Realmente poeta, teu poema revela a fragilidade e a brevidade da vida. Lutar é preciso...viver não é preciso!



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