Letícia Alves

Os Espectros de Mim



Quanto a mim, sempre na tentativa resiliente de descobrir 

no meu íntimo, nesse cerne inefável, a mim mesmo, 

este ser designado por falhas, eu tropeço.

 

Tropeço sempre em uma ou outra percepção 

particular e mais intimista. Vejo graus de características 

que me dividem, ao mesmo passo que me compõem:

Sou resoluta e insípida; 

Possuo espectros de luz e sombra;

Corre no meu corpo sensações de frio e calor;

Transcendo nas impressões das árvores 

e também nas dos campos mortos. 

 

Esses espectros são levemente afastados de mim,

coexistem, mas sem se fundirem. 

De tempos em tempos um volta, 

significando a partida de outro.

Por vezes, todos se ausentam, 

e, durante essa ausência, 

não tenho consciência nem mesmo

do paradigma que me rodeia, 

do meu eu próprio e da minha existência,

como se as percepções não me afetassem, 

não me visitassem, deixassem-me. 

 

Vivo um sono tranquilo de alma, na linha tênue do 'enquanto'. 

Até que todos eles voltem e encontrem-me.

 

- 09/03/2023 às 11:36

 



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