Sonho sem volta

Levy



Logo na manhã tu bate em minha porta,

Tento ignorar mas tu sempre volta. 

Esse cabo de guerra me incomoda,

Preso nu na Penumbra sem escolta.

 

Logo mais um dia eu acordo,

Triste porque é mais um dia em que acordo. 

Meus olhos já cansados não se empolgam,

No ventre de minha cama eu me entoco.

 

Tudo é chulo, todos sem nexo,

Estou no trilho e a vida é trem expresso.

Largo a carne, abandono meu sexo, 

Sou máquina de desejos fétidos.

Ético...

 

Cade meu Deus? Onde ele foi?

Criou um macaco merda e foi dar um dois.

Política, combustível suicida,

Criamos tantas celas pra tantas poucas vidas.

Lírica...

 

Vômito linhas, escrevo pesares,

Mas não chega a nem um terço do que vós pensaste.

Culto a imagem, matem minha coragem.

Esmagado pelo sistema morro sem vontade.

Cheio de curtidas mas nobody likes me,

Os suplicos cortam ouvidos sem massagem.

 

"Ora mas é tão belo, venda tua alma e andentre meu castelo.

Não entretenho pensamentos tão serios,

Vosso consumismo irá diluir teu cérebro,

Feito um zumbi irá perseguir os céticos,

E no calar da noite transformará-os em servos,

E sem objetivo resgatarei-os ao meu céu."

Lágrimas molham o meu papel,

Sou puta crente sem um bordel.

Lástima...

 

Vago a pé longas estradas,

Com a cuca cheia de ideias entaladas. 

Arromba minha mente e meu ego enlata,

Acordo sonhando com a minha saudosa vala.

  • Autor: Levy (Offline Offline)
  • Publicado: 22 de junho de 2020 23:39
  • Comentário do autor sobre o poema: Será que vamos acordar?
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 9


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