Vejo rostos por onde passo
ou será que são os rostos
que por mim passam
enquanto estou parado?
São rosto de todas as cores
idades, molduras e formatos
rostos que quando estou distraído
não me dizem nada
Vejo rostos por onde passo
uns velhos
outros jovens
rostos redondos
longos, retangulares
ovais e quadrados
alguns disfarçados em maquiagens
todos consumidos, borrados e cansados
(Aquele rosto
no canto esquerdo do enquadre
lembra o rosto da minha mãe
depois do luto inconcluso do meu pai)
Por detrás verniz dos rostos
até mesmo dos mais impenetráveis
há sempre uma pessoa
submersa, desconhecida e ocultada
com centenas de desejos malogrados
e milhares de sonhos frustrados
Quando chego à noite em casa
sozinho em frente ao espelho do banheiro
retiro da cara meu disfarce
e me vejo refletido ao contrário
No íntimo dos espelhos
reside nossa verdadeira face
Por isso ao morrer devíamos ser enterrados
com nossos espelhos repousando ao lado
- Autor: joaquim cesario de mello ( Offline)
- Publicado: 27 de abril de 2023 07:36
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 10
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.