joaquim cesario de mello

O INFINITO REVISITADO

 

Eu hoje voltei do infinito

onde mora a eternidade

e lá fui visitar meus pais

 

Minha mãe estava como sempre

bem vestida, elegante e charmosa

com seu penteado fixado de laquê

enquanto meu pai continuava

como nos retratos guardados

baixinho, barrigudo e gordinho

encoberto por ternos de linhos amassados

 

Foi ali no fundo fim do que é inacabado

que encontrei meu menino

imaginando que quando alargasse

o futuro seria um amanhã acriançado

o mundo inteiro da infância seria prolongado

e todos estariam em todos outros aniversários

 

Lá em que a morte não é permitida entrar

é que recuperamos o que antes era

duradouro, perene e perdurável

e os dias são feitos de ontens

nos quais até verbos se conjugam no passado

 

Tenho pena das crianças esquecidas

nos adultos alheios e desmemoriados

elas vivem como se fossem

roupas velhas largadas no encovado

fechado e desalumiado dos armários

 

Se soubessem os crescidos

que a infância sobrevive infindável

no interior das almas termináveis

eles sentiriam que a maturidade

é ser também uma criança com maior idade

 

Daqui a pouco vou voltar ao infinito

que é o lugar que nunca devia ter deixado

 

Comentários1

  • SANTO VANDINHO

    Reflexiva poesia sobre o Infinito que vivemos em qualquer posição ou lugar que viva mesmo com ordem ou desordem ! Paz e Bem poeta !



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.