Letícia Alves

Dias de Chuva – Forever Rain Spirit





O tempo nublado reflete o meu espírito sonolento hoje.
As estradas molhadas e pessoas apressadas, ainda que
pareçam estar caminhando numa lentidão passível,
trazem-me a percepção de um dia de chuva comum, mas
diferente. Sinto-me diferente, mas isso, este sentimento
de incisiva e inerte vacuidade, não é novo. Já me ocorreu.
De tempos em tempos vem; sobrevém-me -- é para sempre...

E, de novo, a chuva cai ressoando a desconformidade
existente em mim, numa sinfonia natural que só as gotas
desse dia podem conceber, que só a natureza e a alma
bucólica podem perceber em volta de si.

A névoa é pálida como a tranquilidade que exerço ao andar
sob a chuva com o meu guarda-chuva vermelho, como a
rosa avermelhada que observo enquanto ando e medito,
reflito nalguma brevidade que já não existe mais.

A vida nos dias de chuva é diferente. A lenitude parece-me
regressar bem devagar quando ouço gotas, do outro lado
da janela, a estalar no chão. Nesses dias tudo cai e se
refaz em câmera lenta. Permeia o que só na alma adentra. 



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