De passos lentos no vento
Nos caminhos da saudade
A distância é um tormento
Que desconstrói realidades
Depois da curva te chamo
Só escuto o eco ressoando
Na ausência da tua metade
O Sol tece raios dourados
Nos cabelos em caracóis
São lindos cachos airados
Tal qual a linha em retrós
Que corre atrás da agulha
Numa costura de hercúlea
Do amor vivido entre nós
Andando no cais do porto
De pés descalços na areia
Nos fitos nuvens e pranto
Marejam as sobrancelhas
Numa imagem de saudade
Procurando minha metade
Nos encantos duma sereia
Todos temos nas metades
As partes que nos entoam
Distantes deixam saudades
No barco seguem na proa
Vida é feita de imprevisto
Na translineação eu insisto
No instante já insisto à toa
- Autor: Arlindo Nogueira (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 8 de março de 2023 02:19
- Comentário do autor sobre o poema: Escrevi a Poesia “Meiose”, por ser o tipo de divisão celular que se caracteriza pela formação das células-filhas, as quais apresentam apenas a metade dos cromossomos da célula da qual se originaram. A meiose é um processo muito importante, pois atua garantindo a manutenção do número de cromossomos nas espécies e também se relaciona com o aumento da variabilidade genética. A nossa poesia deve ser entendida pela “metáfora”, já que na realidade não somos “metade”. Nascemos inteiros, porém, no meio do caminho encontramos pessoas que podem vir a ser complementos nosso. Assim, como de bons companheiros de jornada, que podem passar conosco uma estação ou outras por muitas primaveras. Sempre é muito gostoso, poder partilhar a vida, para estabelecer trocas que envolvam parceria e que permitam às partes ser inteiras, autênticas e até imperfeitas. Por conseguinte, a designação de “metade” em nosso poema, se fundamenta poeticamente, ao trocarmos um objeto ou qualidade mediante uma palavra que designa outro objeto ou qualidade que tem com o primeiro uma relação de semelhança. Por exemplo: os versos 1 e 2 da última estrofe, “Todos temos nas metades, As partes que nos entoam”. Metaforicamente designamos “nas metades”, como se assim fossem e, “partes que nos entoam”, um encaixe perfeito. Conforme canta Fábio Jr, “As metades da laranja, Dois amantes, dois irmãos, Duas forças que se atraem, Sonho lindo de viver”. Isso tudo são figuras de linguagem, onde a metáfora é utilizada para fazer a comparação entre dois ou mais elementos sem utilizar termos que indiquem que uma comparação está sendo feita, deixando de forma implícita. Boa leitura a todos da poesia “meiose”, “procurando minha metade”.
- Categoria: Amor
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