Ao futuro depois de mim não chegarei
a imortalidade dura o intervalo permitido
pelo sangue que pulsa em minha carne
No amanhã em que não acordarei
o Sol não me encontrará no quarto
e as roupas penduradas nos cabides
jamais serão por mim utilizadas
Deixarei tudo como tudo estava
nos seus devidos territórios e lugares
enquanto a Terra continuará girando
e criando outros anos e aniversários
Nunca mais irei me rever nos retratos
esses pequenos pedaços de espelhos de papel
onde lá ficaram aos olhares vindouros
todas minhas repentinas eternidades
Aos que hão de vir e chegar
doarei o montante dos objetos colecionados
que durante muitos anos me acompanharam
como vestígios além de mim preservados
Após concluído meu inventário
espalhar-me-ei pelo mundo inteiro
em novos cômodos, quartos e salas
onde serei cultuado pela memória das coisas
quase como se fosse um deus invisível
desconhecido, extinto e esquecido
pelo futuro que chegará depois de mim
quando nem pelos versos serei lembrado
- Autor: joaquim cesario de mello ( Offline)
- Publicado: 6 de março de 2023 19:51
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 21
- Usuários favoritos deste poema: SANTO VANDINHO
Comentários2
Reflexivo e a triste realidade da Transformação insuportável que ocorre com os Seres Terrestre do Planeta Terra e quiçá dessa Dimensão que vai além da Imaginação, mas fazer o que rsrsrsr se foi o jeito que a Origem Criadora (Deus) encontrou para viver se provavelmente já tinha feito vida fixa que procurando o que fazer encontrou essa essa maneira de si distrair e sobreviver ! Paz e Bem Poeta !
Uma belíssima reflexão poética sobre a nossa passagem... Parabéns! Encantada com o autor.
Obrigado plo gentil comentário, regi. E obrigado também pela tua leitura
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