Rui Ferreira

O Reino


Aviso de ausência de Rui Ferreira
NO

Lancei naus para o outro lado,

do mundo que acreditava quadrado,

cavalguei as ondas do oceano,

provei que o mundo não é plano,

e com este sentimento profundo,

tornei-me dono do mundo.

O povo inculto colonizei,

Mais sabedor dos que exultei.

Espalhei a palavra com fervor,

aos descrentes infligi dor,

esventrei o solo sagrado,

por um punhado de ouro roubado.

O sangue jorrou incontido

puro, vermelho, nativo,

e ao mar de novo me lancei,

de regresso à casa que deixei.

Nas águas enfrentei a fúria divina,

resoluto, venci a minha sina,

com as naus, no Tejo fundeadas,

repletas de riquezas pilhadas.

A El Rei apresentei-me curvado,

com o sangue nas mãos, lavado,

Carregando o ouro negro, que sem vergonha,

trafiquei alegremente, ó coisa medonha.

Exibidos perante o povo analfabeto e bruto

Que julgava ter o poder absoluto,

Incapaz de alcançar a razão

Obediente como um cão.

O reino delirou com as glórias alcançadas

sem se importar com as vidas ceifadas,

El Rei exultou os feitos desta gente insana

Que se julgava impoluta e puritana.

Tantas riquezas esvaídas

tanto sangue, tantas vidas

Tanto desperdício, tanta pobreza

Tanto bruto disfarçado de nobreza!

  • Autor: Rui Ferreira (Offline Offline)
  • Publicado: 16 de Fevereiro de 2023 19:13
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 7


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.