Evando Souza Argôlo Júnior

Navio Negreiro

Fecho os olhos e ainda vejo
Visão do inferno
Gemidos de dor
Crianças entregues aos berros
Correntes por todo lado
Rostos atordoados
Paz não há mais
Desmorona-se o chão!
 
A liberdade – mais parece uma ilusão
Uma lembrança a corroer a mente
O vazio enchendo a alma
Humanidade corrompida
É tudo que se sente
 
 
A morte – mais bela saída
Pior dor é aquela sem ferida
Destino cruel este de agora
O tempo mais sangrento
Pinga lentamente a hora
 
 
Sob minha cabeça um céu imenso
Abaixo deste mísero navio, o mar
Exausta viagem
O peso do mundo nos ombros
Impossível suportar
 
 
 
O suor escorre
Cada gota cai a o mar
Será a sepultura
De quem a força faltar
Ainda estou aqui
Sou negro
Dentro de mim, o medo e o desespero
 
 
A escuridão da noite, assombra o meio dia
Esvai-se a alegria
Exploração é tanta
Sofrimento é acordar no outro dia
 
 
O homem e a ganância – destruição
O homem e a inocência – escravidão
Os  dois juntos em um plano – colonização
O homem e o poder – Exploração!

  • Autor: Evando Souza Argôlo Júnior (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 14 de Fevereiro de 2023 18:28
  • Comentário do autor sobre o poema: Poema que fiz em 2018, vencedor do TAL (Tempos de Arte Literária). Escolhido para representar o Colégio Ruy José de Almeida. Este poema retrata em primeira pessoa o ponto de vista de um negro que estava embarcado num navio negreiro e se afogando em seus pensamentos.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 18
  • Usuários favoritos deste poema: Drica, vivip.

Comentários3

  • Hébron

    Um poema de se aplaudir!
    Marcante!
    Ótimo, poeta!
    Abraço

  • Eliabe Lira

    Muito bem escrito, a narração comove e instiga até a última letra do poema.

  • Drica

    Muito bonito, porém uma triste realidade. O mundo deveria conhecer esse poema!



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