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Evando Souza Argôlo Júnior

Navio Negreiro

Fecho os olhos e ainda vejo
Visão do inferno
Gemidos de dor
Crianças entregues aos berros
Correntes por todo lado
Rostos atordoados
Paz não há mais
Desmorona-se o chão!
 
A liberdade – mais parece uma ilusão
Uma lembrança a corroer a mente
O vazio enchendo a alma
Humanidade corrompida
É tudo que se sente
 
 
A morte – mais bela saída
Pior dor é aquela sem ferida
Destino cruel este de agora
O tempo mais sangrento
Pinga lentamente a hora
 
 
Sob minha cabeça um céu imenso
Abaixo deste mísero navio, o mar
Exausta viagem
O peso do mundo nos ombros
Impossível suportar
 
 
 
O suor escorre
Cada gota cai a o mar
Será a sepultura
De quem a força faltar
Ainda estou aqui
Sou negro
Dentro de mim, o medo e o desespero
 
 
A escuridão da noite, assombra o meio dia
Esvai-se a alegria
Exploração é tanta
Sofrimento é acordar no outro dia
 
 
O homem e a ganância – destruição
O homem e a inocência – escravidão
Os  dois juntos em um plano – colonização
O homem e o poder – Exploração!