desde que era projeto de gente
naquele sacro fluido envolvente
eu golejava inocente escondido
cresci bebendo, algo desmedido
como se fosse uma necessidade
liquefazer-me, após certa idade
evitava a água benta com medo
de replicar são Antônio tão cedo
mas do resto eu bebi um bocado
um dia fiquei muito embriagado
tão diluído, que escorri pelo ralo
percolando o solo nesse embalo
feito mancha, eu pairei no lençol
imiscível por meu bafo de etanol
e o freático cuspiu-me, com nojo
e perpassando a fonte dum brejo
compreendi, então, a minha sina
de ver, do olho d’água, a menina
- Autor: Antonio Luiz ( Offline)
- Publicado: 8 de fevereiro de 2023 18:13
- Comentário do autor sobre o poema: A bebedeira foi grande naquele dia! hehehehe
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 18
Comentários1
Instigantes e belos versos, Poeta!
Penso no "retorno ao pó", analogicamente ao "retorno à água", como o bíblico, mas assim: "da água viestes, à água retornarás". A embriaguez da "vida loka" se redime na "visão da menina, no olho d'água" - verso lindo! Palmas!!!
Querida poeta, Lise!
Muito obrigado pelo carinho dos comentários!
Que essa quinta te seja poética!
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