Antonio Luiz

A menina do olho d\'água

desde que era projeto de gente

naquele sacro fluido envolvente

eu golejava inocente escondido

 

cresci bebendo, algo desmedido

como se fosse uma necessidade

liquefazer-me, após certa idade

 

evitava a água benta com medo

de replicar são Antônio tão cedo

mas do resto eu bebi um bocado

 

um dia fiquei muito embriagado

tão diluído, que escorri pelo ralo

percolando o solo nesse embalo

 

feito mancha, eu pairei no lençol

imiscível por meu bafo de etanol

e o freático cuspiu-me, com nojo

 

e perpassando a fonte dum brejo

compreendi, então, a minha sina

de ver, do olho d’água, a menina