A SOMA DE TODOS MEUS POETAS

joaquim cesario de mello

 

Meu primeiro poeta foi meu pai

sentado em sua escrivaninha

com o cachimbo acesso ao lado

datilografando na máquina de escrever

versos que na época eu não entendia nada

 

No colégio em que estudava

conheci Cecília Meireles

que no poema Ou Isto ou Aquilo

já me fez escolher seguir na vida

sendo curioso, diferente e singular

 

Na juventude me chegou Vinicius

com seus poemas e seu violão

e com ele descobri que o infinito

só é interminável enquanto dura

 

Quem viveu os anos que vivi

amava ler Neruda e citar

Fernando Pessoa

Mário de Sá-Carneiro

Hilda Hilst, Adélia Prado

Manuel Bandeira e Ferreira Gullar

além de Carlos Drummond de Andrade

e tudo o que era underground

 

Porém foi nas madrugadas despertadas

que vieram os poetas que escreviam em inglês

mas como I don’t speak English

apenas os conhecia se fossem traduzidos

para o meu bom e velho brasileirês 

 

Agora que leio Mia Couto

Louise Glück, Wislawa Szymborska

Manuel António Pina e tantos outros

desejo que meu neto me olhe

sentado em frente ao computador

com um cigarro acesso ao lado

escrevendo versos nos dias do agora

em que ele ainda não entende nada

 

  • Autor: joaquim cesario de mello (Offline Offline)
  • Publicado: 7 de fevereiro de 2023 07:11
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 12


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.