Talvez, sobre as contradições deste mundo

Hébron

 

No burburinho da praça 
Há pombos no chão 

 

Já não voam alto
Não precisam ir longe
Rastejam migalhas tóxicas 
E voam breves, desabstinentes

 

Esses pombos
Pensam dominar o mundo 
Empolutos, delirantes
Monitoram tudo
Como em jogos de telas 
Dos telhados e das  praças

 

Não é acaso
É indiferença 
Realidade 
Não é crença 
Constroem maldade
Nunca me esqueço 
Do magro índio menino
E seu povo desvaindo
Na fome violenta 
Em brutalidade perversa
Vítimas de extermínio
Sob as sombras do luto

 

Sons de ilusão 
Ritmo de tumulto 
E eu lia uma poesia 
Sobre essa contradição 
No burburinho da praça

 

  • Autor: Hébron (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 4 de fevereiro de 2023 23:22
  • Comentário do autor sobre o poema: Inspirado na perturbadora poesia "Admirável mundo, doido.", do amigo poeta Chico Lino.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 11
Comentários +

Comentários1

  • Maria dorta

    É cruel e dramática essa realidade tanto dos povos indígenas quanto dos pobres das favelas,das periferias do Norte e do Nordeste. Todos são os alvos dos exterminadores de sempre: brancos,ricos, políticos ambiciosos e sem alma,muitos ignorantes que se deixam enganar por meia dúzia de palavras,nem sempre bem concatenado. Triste realidade brasileira. Colocas o dedo,com propriedade,nessas chagas brasileiras. Tenho vergonha dessa gente!

    • Hébron

      Esse nosso mundo está com a perversidade à flor da pele...
      Obrigado, poetisa



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