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Hébron

Talvez, sobre as contradições deste mundo

 

No burburinho da praça 
Há pombos no chão 

 

Já não voam alto
Não precisam ir longe
Rastejam migalhas tóxicas 
E voam breves, desabstinentes

 

Esses pombos
Pensam dominar o mundo 
Empolutos, delirantes
Monitoram tudo
Como em jogos de telas 
Dos telhados e das  praças

 

Não é acaso
É indiferença 
Realidade 
Não é crença 
Constroem maldade
Nunca me esqueço 
Do magro índio menino
E seu povo desvaindo
Na fome violenta 
Em brutalidade perversa
Vítimas de extermínio
Sob as sombras do luto

 

Sons de ilusão 
Ritmo de tumulto 
E eu lia uma poesia 
Sobre essa contradição 
No burburinho da praça