FLERTAR NA INTERNET

Arlindo Nogueira

Flertar via chat na internet

É subvertido é quase ficção

Subtrai o pulsar do coração

Imerge a flor na primavera

Paixão não é mais como era

O beijo é um clic no mouse

Compartilhe e dê um salve

Há download na paquera

 

Cadê o bom dia/boa tarde

Cadê o fitar de olho a olho

Somos todos uns repolhos

Plantados na sua internet

O input-output competem

Sem os átrios do coração  

Não há um aperto de mão

Você se assiste não reflete

 

Você escreve eu tô ligado

É convencimento abstrato

São vios que dão os fatos

Você compartilha o sinal

Curte vídeo you tube tal

Só presencial não te vejo

Sinto a falta do teu beijo

E daquele arrepio social

 

Amor se encontra fugidio

Nos contextos de paquera

Já nem se sabe como era

Redes sociais é o costume

Há uma espécie de lumes

Nos links para hipermídia

Você se encontra na mídia  

Sem o evolar de perfumes

  • Autor: Arlindo Nogueira (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 12 de janeiro de 2023 16:11
  • Comentário do autor sobre o poema: Escrevi a Poesia “Flertar na Internet”, refletindo sobre as “redes sociais” que têm atraído um percentual considerável de comunidades, que interagem umas com as outras virtualmente. Sendo assim, a manutenção dos contatos é demarcada pela expressão própria dos grupos, cujas experiências vivenciadas são vistas como reais mesmo acontecendo dentro do ambiente virtual. Atualmente sabe-se que as afinidades humanas, cada vez mais estão estabelecidas nas redes de contatos, de acordo com seus interesses. No entanto, nossa poesia “flertar na internet” está chamando atenção, em específico nas “paqueras”, onde há falta de proximidade física, ou seja, o estado afetivo, a reciprocidade. Conforme os seguintes versos: “O beijo é um clic no mouse, Cadê o fitar de olho a olho, Não há um aperto de mão, Sinto a falta do teu beijo, E daquele arrepio social”. Isso tudo, porque a maneira mais convencional de sociabilidade é a interação frente a frente, no mesmo ambiente, onde o assunto e linguagem é corporal. E nesse tipo de situação os sinais enviados podem ser percebidos através do tom de voz, dos gestos e da postura dos inseridos na paquera. Nossa poesia resume essa realidade no 1° e 2° versos da 4ª. estrofe, que dizem: “Amor se encontra fugidio, nos contextos de paquera”. Boa leitura e reflexão da nossa Poesia a todos.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 10
Comentários +

Comentários1

  • Maria dorta

    Bom poema mostrando a realidade dual em que se vive: o cibernético,o vício de estar conectado porém cada vez mais afastado do contato,do convívio social. É uma epidemia cibernética e nós ficamos estarrecidos com o isolamento contraditório: o jovem se pública do amanhecer ao deitar...revela imagens e o que está dentro de si? O nada,o vazio...cada vez mais distanciado um do outro,no que faz sentido( a alma,o sentimento,um amor partilhado no toque do corpo e não no mouse!) E assim vão se isolando,se alienando e tudo isso é sinal dos " tempos modernos," .Abominável. parabéns pela explicação que deste sobre teu poema! Chapéu!

    • Arlindo Nogueira

      Olá Maria dorta! Verdade é uma epidemia cibernética, que ocupa a rotina dos jovens no dia a dia. A internet e as redes sociais ocupam cada vez mais espaço na agenda dos adolescentes, o que vem despertando nos pais uma preocupação com o “isolamento social”. Aquilo que era chamado de rolê, nas paqueras, foi substituído pelos encontros virtuais conhecidos como Call. Essa evolução da Internet, cada vez mais isola as pessoas, tornando-as robôs, frios e calculistas. Cadê o fogo da paixão em um abraço? Cadê o gosto do beijo no pulsar forte do coração? Como avaliar se as interações humanas são verdadeiras? Obrigado Maria dorta, por compartilhar poeticamente comigo as inquietações do mundo virtual. Forte abraço.



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