Quando as Cigarras Choram

Leonardo Ramos

Me perco nas chuvas 
e nas folhas molhadas do pé de jamelão,
que cresce, cresce, 
e ganha o céu lá fora.

Meus olhos ainda meninos
o escalam e sujam a roupa de lodo.

Essas lembranças descem do pé,
pulam meu muro, batem na porta
e antes que eu abra, me ganham.

O menino que foi melhor amigo
me estende as mãos,
me sorri e convida.

O bem-te-vi o ressuscita, 
a lembrança sorri
e eu sozinho, aceito o convide.

Vou nas águas e no vento úmido, 
nas vozes que já não habitam a rua,
na voz que grita 
e me faz fugir do pé de abacate.

Vou nos meninos descansados 
e felizes sem nada a temer na calçada.
Tantas conversas, tantas risadas...
(Sinto falta deles)

Vou no canto da cigarra,
ela me desperta e me vou da saudade.

Leonardo Ramos

  • Autor: Leonardo Ramos (Offline Offline)
  • Publicado: 12 de janeiro de 2023 15:29
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 4
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