Me perco nas chuvas
e nas folhas molhadas do pé de jamelão,
que cresce, cresce,
e ganha o céu lá fora.
Meus olhos ainda meninos
o escalam e sujam a roupa de lodo.
Essas lembranças descem do pé,
pulam meu muro, batem na porta
e antes que eu abra, me ganham.
O menino que foi melhor amigo
me estende as mãos,
me sorri e convida.
O bem-te-vi o ressuscita,
a lembrança sorri
e eu sozinho, aceito o convide.
Vou nas águas e no vento úmido,
nas vozes que já não habitam a rua,
na voz que grita
e me faz fugir do pé de abacate.
Vou nos meninos descansados
e felizes sem nada a temer na calçada.
Tantas conversas, tantas risadas...
(Sinto falta deles)
Vou no canto da cigarra,
ela me desperta e me vou da saudade.
Leonardo Ramos