Morreu o Pobre da Vez na Festa do Poeta de Palha
e foi assim,
se não foi,
foi parecido.
foi, porque,
se disser,
pouca nela
vão acreditar,
nem mesmo
a falecida
memória.
teve roda-de samba,
laranja-da-terra,
pó de arroz,
enfeite de mulher,
tranças
perfumadas,
e amor às pampas,
na rampa
dos desenganados.
teve estrela
que desceu do céu,
e foi dormir com
a criança
de véu.
teve lá fora,
teve lá dentro,
pois os que viram
viram, os que não,
se tornaram tornado
ou vento.
foi o dia dos afins,
com banda de música,
chocolate e pão de roça,
tudo sem fim.
teve mulher que largou
homem,
e foi pro escorrega
de criança, ver a vida
passar,
mas pobre donzela,
que morreu
entre as luzes
das panelas !
era gente
e mais gente,
e no meio
de tudo, não
havia um pingo
de gente acolhida.
tudo só,
silencio de bastar,
falar era pouco,
pois comiam doce
de fartar.
a história aqui
termina.
termina
com a festa que não teve,
com amores apagados,
e políticos corriqueiros
morreram,
com a vida alagada,
de vossa
excelência.
e aqui termina
onde nem começou,
se você entendeu
fez bem: é bom
até pra falar
em todas
as esquinas.
agora, bate
uma porta,
e fecha outra,
pois a vida é de
arder !
pego meu boné de
palha e já vou,
lá longe me esperar:
pois sou mané da cachaça
e homem de traços,
mas sem asas pra
voar.
e você fecha as portas
que eu cuido das janelas,
conta outra mentirinha,
que eu vou viver
é na casa dos velhinhos !
e a página ficou
sem dono,
porque as letras
dela sumiram.
e o poeta morreu
de pobre,
feito
flor ao léu
dentro de uma folha branca.
- Autor: Jose Kappel ( Offline)
- Publicado: 12 de dezembro de 2022 07:15
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 6
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