ESTAÇÕES
Quando eu cheguei aqui
eu cheguei chorando.
Só chorava porque
não sabia rir
Mas o trem que me trazia me trouxe cantando.
O trem tinha mão
E eram mãos carinhosas
Guiadas pelo coração
Mas além de carinhosas
Eram seguras
e corajosas
Pois daquilo que fazia pouco entendia
Mas fazia bem feito porque era o coração
que lhe dizia.
Era um trenzinho pequeno, sem luxo
mas delicado
sorria sempre
quando na estação deixava o passageiro arrumado.
Trem sorrir?
Dar para entender?
Eu entendo sim
Pois foi desse trenzinho que desci e
me fez me conhecer.
O tempo me deu
por algum tempo
essa estação
E vi outros trens sair
E vi outros trens chegar
Mas eu fiquei por aqui
Sorria e chorava.
Fui feliz
Fiz tudo quis
Nadava, brincava
Estudava.
Era uma estação
bonita demais.
E eu nem sabia
que um dia
ela ficaria para trás.
Até que ficou...
E para outra estação
eu tive que partir
Tomei o trem
Sem querer ir
Porque lá
eu não conhecia ninguém
Mas eu fui.
Cheguei, desci...
Com minha
pouca bagagem
Não sabia
mais uma vez de nada.
Fiquei um pouco
confuso nessa viagem
E confuso
por algum tempo fiquei.
Da outra estação
apenas alguma imagem
De poucas coisas
que guardei.
Tomei decisões
Mas nada decidia
Andei por muitos lugares mas em nenhum lugar
eu ia.
Fiz descobertas.
Fazia tudo.
Mas esse tudo era apenas fantasia
e a doce teimosia
em que vivia
nada mais era
que rebeldia.
E nessa estação de tudo um pouco fui vivendo.
Nem imaginava na dor
Mas de repente
a dor fui conhecendo
Sem saber que estava arrumando as malas
para tomar outro trem
e partir para a próxima estação que vem.
E assim, tive que partir
Tomei o trem
e para lá eu tive que ir
Mais uma vez chegando lá não conhecia nada
e nem ninguém.
Mas eu tive que me virar
Fui com um pouco
de medo
Mas na estação que deixei para trás eu não podia ficar.
Cheguei indeciso, pensativo
E aí procurei
me encontrar.
Caí, levantei
Sorri e chorei.
E foi lá que
procurei a vida
Desisti, insisti
Amei, desamei
Fui alegre mas conheci também a tristeza
E na fraqueza
Descobri a fortaleza.
Venci!
Perdi!
Ora grande
Ora pequeno!
Mas cresci.
Fui apresentado
para a dor
Mas conheci
a essência da flor.
E foi assim que
nessa estação eu vivi.!
Aqui eu já sabia que outra estação
me esperava.
Arrumei a bagagem
E sabia o que
me aguardava
Tomei o trem
Fiz minha viagem
Sem temer a nada
nem ninguém .
Ah! Cheguei!
Todas as estações em que passei e
em que vivi
ficaram lá
Cada uma no seu lugar. Guardei as lembranças em um pote
Não preciso delas
me lembrar
Pois oxalá é uma sorte
Aqui nessa estação chegar.
Meu cabelo branco é um tesouro
Minhas rugas são como o ouro
Meu corpo mesmo sem a pureza de antes
E meus olhos sem o mesmo brilho do passado
São como diamantes
Que como jóias carrego
E a mim mesmo eu entrego
Para guardar no coração o que vivi em cada estação!
- Autor: Carlos (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 3 de dezembro de 2022 19:44
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 10
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.