Mais um texto.
Inútil. Chamarei assim, pois é a verdade.
Esse papel que escrevo é uma árvore a menos no mundo.
Mais um lixo de minha alma.
Quando vai passar?
Essa tortura interna.
A vontade de desaparecer.
Quando isso vai acabar?
O chorume que escorre da humanidade.
Toda essa banalidade.
Formas novas de se ferir, de se matar aos poucos.
Revolta. Estresse. Culpa. Arrependimento.
Vontade de desaparecer, recolher a insignificância,
De não mais estragar o dia de alguém.
Vontade da morte, que vem até mim num gole de vinho com esse veneno,
Esse, que alguém de minha família usou antes de eu nascer.
Funcionou antes, irá funcionar agora.
Inútil participação especial no mundo,
Mal serviu pra deixar saudades.
Melhor assim.
Que seja breve, minha inutilidade.
- Autor: Venus (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 2 de dezembro de 2022 23:36
- Categoria: Carta
- Visualizações: 22
Comentários2
Poema muito forte e combina muito com a música. Se for para opinar diria que em meio a tanto lixo e sujeira do mundo, podemos achar algo que seja reciclável e limpo
Não acredito que sentimentos, almas e humanos sejam "recicláveis". Obrigada pelo comentário, gosto bastante dessa música.
Quem tem este dom de transformar a dor em prosa poética não pode fugir da raia...assim,transforma sua fragilidade emocional em criações literárias e vá entregando teu talento ,desague na literatura e quem sabe, uma ajuda aos esfomeados,desamparados da vida tiraria essa dor na alma? E não banco aqui a Psicóloga,admiro teu potencial e você em si mesma tem sua cura .
Muito obrigada pelo comentário. Colocar a dor no papel é justamente a minha forma de "me curar". Acho que a correria do dia a dia, a falta de empatia das pessoas a nossa volta e as frustrações, acabam nos causando essa sensação de que não tem mais jeito. Mas sempre há um jeito, sempre haverá o que fazer. Obrigada pelos conselhos, te admiro muito e sua sabedoria me encanta.
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