Bordão de Guerra

Jose Kappel

 

Fico em paz depois 
da derrota,
recolho armas e bordões
da guerra interior,
cujo passado tem três
séculos.


Mas o presente
fermenta 
a dor como água purificada
no corpo desguarnecido!

 

No afã da luta, perdi
um pouco da alma,
um pouco do espírito,
mas ganhei medalhas
de solidão.

 

Pouco  valia
a falta total de ser,
nem sobras,
nem, pelo menos,
um pouco
de ser romano,
sem ser romanesco.

 

Não sei mais destacar 
a beleza,
sei apenas cair,
cair num poço profundo
disponível aos solitários,
e que nunca é aprovado
pelos precatórios de toga
para ter fim.

 

Meu trovejar é de ouro;
toco melodias de ciganos,
de supresas, para apoio
àqueles que não tem ardose
nem um pouco de sol.


Lá onde varre o pleno inverno
que chamam de princípio
de inferno.

 

Minha guerra terminou:
carrego o fardo da derrota
sem planos e destinos.

 

O que me resta, passou
como um vento ganancioso,
fiquei só  à porta de alguma 
tempestade, esperando
o dia, dia imensurável
de colar seu rosto no meu!

  • Autor: Jose Kappel (Offline Offline)
  • Publicado: 1 de dezembro de 2022 06:53
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.