Fico em paz depois
da derrota,
recolho armas e bordões
da guerra interior,
cujo passado tem três
séculos.
Mas o presente
fermenta
a dor como água purificada
no corpo desguarnecido!
No afã da luta, perdi
um pouco da alma,
um pouco do espírito,
mas ganhei medalhas
de solidão.
Pouco valia
a falta total de ser,
nem sobras,
nem, pelo menos,
um pouco
de ser romano,
sem ser romanesco.
Não sei mais destacar
a beleza,
sei apenas cair,
cair num poço profundo
disponível aos solitários,
e que nunca é aprovado
pelos precatórios de toga
para ter fim.
Meu trovejar é de ouro;
toco melodias de ciganos,
de supresas, para apoio
àqueles que não tem ardose
nem um pouco de sol.
Lá onde varre o pleno inverno
que chamam de princípio
de inferno.
Minha guerra terminou:
carrego o fardo da derrota
sem planos e destinos.
O que me resta, passou
como um vento ganancioso,
fiquei só à porta de alguma
tempestade, esperando
o dia, dia imensurável
de colar seu rosto no meu!