Sonho revolto

Gustavo Cunha

O silêncio, cenóbio, enleia-me na inquebrantável volúpia de uma carícia tépida.

Sinto-me equânime e abstrato.

E, ao refugiar-me nas horas que antecedem a imortalidade severa e áspera do esquecimento profundo, abismal e inopinado; 

Rasga-me o ventre a navalha afiada do tempo, inexorável,

Dilacerando, incontinenti, os últimos segredos que o corpo encerra.

Do êxtase perene da dor atroz,

Sê conselheiro e fiel,

Regozija-te,

E ergue o teu castelo nas margens plácidas dum sonho revolto.

  • Autor: Gustavo Cunha (Offline Offline)
  • Publicado: 1 de dezembro de 2022 00:04
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 7


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