Gustavo Cunha

Sonho revolto

O silêncio, cenóbio, enleia-me na inquebrantável volúpia de uma carícia tépida.

Sinto-me equânime e abstrato.

E, ao refugiar-me nas horas que antecedem a imortalidade severa e áspera do esquecimento profundo, abismal e inopinado; 

Rasga-me o ventre a navalha afiada do tempo, inexorável,

Dilacerando, incontinenti, os últimos segredos que o corpo encerra.

Do êxtase perene da dor atroz,

Sê conselheiro e fiel,

Regozija-te,

E ergue o teu castelo nas margens plácidas dum sonho revolto.