Carlos Lucena

A FLOR QUE NUNCA SECA

A FLOR QUE NUNCA SECA

Eu sou a flor do espinho perfumado que 
invade a cerra
E sou a pureza corajosa
Do pó seco 
a cobrir a terra.
Sou a água que corre 
no leito seco de um rio
E a coruja noturna 
que com seu grito 
traz um arrepio
Ao ressoar num eco como que 
a celebrar um rito.
Eu sou a folha 
que nunca seca
Num velho tronco 
que nunca morre
Por isso ninguém 
nunca lhe disseca. 
Eu sou sol 
que morre no poente 
A cobrir de ouro
O céu da tarde
incandescente.
E sou a lua que nasce a  derramar a prata 
na noite reluzente.
Eu sou o pobre
Que num lamento reclama a fome
Num choro insistente.
Mas sou o homem forte que antes do raiar
Se põe de pé 
sem maldizer a
própria sorte
Sem temer 
a sina nem a morte
E com o pouco vintém que lhe sobrar
Anima a vida e
Celebra o tempo 
a lhe restar. 
E de sua boca ávida
Nenhum gemido 
a murmurar. 
Eu sou a chuva
Que quando há
Chega a surpreender
E do chão seco, empoeirado
Quando molhado tudo dá 
Pois é assim
Que arroz, milho, feijão, esperança, homem, mulher e criança estão sempre a renascer.!

  • Autor: Carlos (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 25 de Setembro de 2022 05:39
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 8

Comentários1

  • CORASSIS

    Renascer sempre !
    A inspiração certa na melhor hora
    Belo , parabéns poeta .
    Abraço.



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.