A FLOR QUE NUNCA SECA
Eu sou a flor do espinho perfumado que
invade a cerra
E sou a pureza corajosa
Do pó seco
a cobrir a terra.
Sou a água que corre
no leito seco de um rio
E a coruja noturna
que com seu grito
traz um arrepio
Ao ressoar num eco como que
a celebrar um rito.
Eu sou a folha
que nunca seca
Num velho tronco
que nunca morre
Por isso ninguém
nunca lhe disseca.
Eu sou sol
que morre no poente
A cobrir de ouro
O céu da tarde
incandescente.
E sou a lua que nasce a derramar a prata
na noite reluzente.
Eu sou o pobre
Que num lamento reclama a fome
Num choro insistente.
Mas sou o homem forte que antes do raiar
Se põe de pé
sem maldizer a
própria sorte
Sem temer
a sina nem a morte
E com o pouco vintém que lhe sobrar
Anima a vida e
Celebra o tempo
a lhe restar.
E de sua boca ávida
Nenhum gemido
a murmurar.
Eu sou a chuva
Que quando há
Chega a surpreender
E do chão seco, empoeirado
Quando molhado tudo dá
Pois é assim
Que arroz, milho, feijão, esperança, homem, mulher e criança estão sempre a renascer.!
- Autor: Carlos (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 25 de setembro de 2022 05:39
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 8
Comentários1
Renascer sempre !
A inspiração certa na melhor hora
Belo , parabéns poeta .
Abraço.
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.