Flávio.Queiroz

DOS ONTENS

Ontem

A rainha

Elizabeth 11 morreu

Não

A mulher

A Elizabeth Alexandra Mary

A Monarquia

A mulher engoliu

Como chefa de Estado

O mundo todo visitou

Mais como turista

Colecionadora

De joias milionárias

A sua morte

O mundo

Logo acordou

Comoção internacional

A rotina monarca rompeu

Da Escócia a Londres

No veículo sem rodas

O corpo

Da rainha transportando

Filas gigantescas presenciais

Dos 70 anos de reinado

Se despedindo

Não

Da mulher

Elizabeth Alexandra Mary

O seu corpo embalsamado

Não se decompõe

No caixão de chumbo

Colocado foi

Guardado para sempre

Na Capela de São Jorge

Ao lado do marido

Príncipe Philip

Portanto

Corpo vitalício

A imprensa

Sempre de olho

Na morte dos famosos

O sono

Seus olhos não fechou

No trajeto do caixão

A rainha

Elizabeth 11

Num paraíso reinou

Sem o direito

De ser ela

 

Ontem

No mesmo dia

Da morte

Da rainha

Elizabeth 11

Também morreu

O operário

Pai de cinco filhos

Os menores

À escola iam

Mais para comer

Menos educar-se

Esposa doméstica

Na sua palafita velado

Ante algumas lágrimas fúnebres

No caixão

Para sempre partiu

Ambos já em decomposição

Corpo e caixão

Para o cemitério mais barato

O irmão

Endividado deixou

Em despesas funerárias

 O ontem

O funeral do operário

Tão breve foi

Quanto estes pobres versos

  • Autor: Flávio.Queiroz (Offline Offline)
  • Publicado: 16 de Setembro de 2022 13:37
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 1


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