Relato duma tarde ouvindo Hisaishi e lendo páginas sem fim

Letícia Alves

Às vezes numa expressão solene, quase que enfadada,
respiro o ar gélido e inspiro o meu contentamento momentâneo;
Apercebo-me do universo ao meu redor.
Astros esparsos, meros rastros.
Penso então em quão contraditório pode ser a existência – bela e barulhenta.
Levanto o olhar levemente e o universo que coexiste em mim
resplandece nas nuvens. Pálidas, mesmo cheias de chuvas,
seguem esbranquiçadas em leve ternura.
Para mim. Para quem olhe. Para algo e para ninguém – Apenas por ser.
Fruem no entardecer que cai levando o sol de forma bela e devagar.
E a mente precipita-se em flutuar com as estrelas
que se ascendem no céu solitárias. Nossas eternas companheiras.
A noite em breves instantes se refaz em claridade.
Uma rajada de ar noturno entra pela janela num
abrupto ar. Abruptos pensamentos incendeiam tudo de dentro.
Outro vento congelam-nos.
— Os pequenos, quase que insignificantes, momentos
são essenciais para compreender o todo.
Outro dia, à tona, trago isso tudo de novo.
Preciso relembrar para lembrar como caminho, qual é o caminho.
Demoro mais um pouco na cadeira da varanda,
escrevendo langorosamente o que já disseram e passaram outros.
As nuvens se separam de novo...
Pressinto que outro tempo está para vir.



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