Marcelo Veloso

ACEITA, QUE DÓI MENOS!

O insensato e violento,

tem o raciocínio lento,

e um coração pequeno.

Quando irritado fica fula,

é usuário de uma expressão chula:

- Aceita, que dói menos!

 

Não se importa com a verdade,

se entope de vaidade,

de sua boca só sai veneno.

Quando fica ofendido,

é usuário de uma expressão de bandido:

- Aceita, que dói menos!

 

E se não bastasse a ignorância,

é detentor da intolerância,

e se sente perfeito, pleno.

Quando é desmascarado,

é usuário de uma expressão de tarado:

- Aceita, que dói menos!

 

E para o que se sente soberano,

fica o registro de que o engano,

sempre leva ao fracassso,

e o aceita, que dói menos,

pode ser injetado feito um dreno,

numa resposta ao viver devasso.

 

E contra toda esta carniça,

nada melhor que a justiça,

para tornar o mundo mais sereno.

Quando, então, o respeito for mútuo,

não mais se ouvirá uma expressão do inculto:

- Aceita, que dói menos!

 

E que essa expressão usada tão sicária,

tão cretina, vil, medíocre, pária,

seja subtraída do nosso existir,

e que uma nova expressão,

seja aceita com a melhor compreensão:

- Aceita, se isso lhe convir!

 

Colocando cada um no seu lugar,

mostrando o que significa aceitar,

e que ninguém mais se silencie.

Assim, quando perceber o perigo,

não dê chance ao inimigo,

não tem essa de “aceita” - Denuncie!

 

Mas, se um dia, entender o significado,

do expressar, hoje, tão mal usado,

aceita, que dói menos,

compreenderá, então, que as dores da vida,

podem ser sentidas e vividas,

quando o ambiente é harmônico, é ameno.

 

Aí, o aceita, que dói menos,

vai fazer parte do terreno,

em que a liberdade será a vitória,

e o não aceitar o preconceito,

será o melhor dos preceitos,

pra se estabelecer a verdadeira história.

  • Autor: Marcelo Veloso (Offline Offline)
  • Publicado: 19 de Agosto de 2022 10:00
  • Comentário do autor sobre o poema: O uso indevido, ilógico, ignóbil da expressão "Aceita, que dói menos", por uma parcela de ditos cidadãos que "pejorativamente" a utiliza, como resposta ao delituoso e culposo proceder, provocou em mim a necessidade de colocar "às claras", poeticamente, dentro meu parco conhecimento, uma reflexão quanto ao mal e bom uso da expressão. Bem assim, e antes que a adjetivação se dê inoportuna, o propósito é humanamente singular, sem a pluralidade dos enquadramentos.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 14

Comentários1

  • Maria dorta

    Uma lição de semantica expressa de modo poético,além de mostrar o poeta_ cidadão dando lição ,bem oportuna, de conhecimento das leis vigentes,esclarecendo os que são cegos pela ignorância,pela pequenez de um ser que ,não sabe nem se auto_ respeitar ao estigmatizado os demais seres humanos. Poema perfeito. Chapéu e aplausos de pé!

    • Marcelo Veloso

      Maria dorta, como sempre pontualíssima na suas considerações. Obrigado, pelos comentários. Abraços.



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