D I U R N A L

Marcelo Veloso

Um dia vai, um dia vem,

um dia é mil, outro dia é cem.

Um dia diz, um dia cala,

um dia é lixo, outro dia é gala.

 

É sempre o mesmo,

quando se tem medo,

se dorme tarde, não acorda cedo,

se come muito, não é azedo.

 

É sempre assim,

quando se tem temor,

se murmura muito, é um amador,

se enraivece, vira um terror.

 

Um dia brota, um dia murcha,

um dia é magro, outro dia é bucha.

Um dia serve, um dia manda,

um dia é solo, outro dia é banda.

 

É sempre tempo,

quando se tem conversa,

se muda a prosa, é vice-versa,

se toma tento, logo dispersa.

 

É sempre cansativo,

quando se faz drama,

se faz calor, só reclama,

se faz frio, não sai da cama.

 

Um dia adia, um dia ondeia,

um dia solta, outro dia é peia.

Um dia prende, um dia solta,

um dia é bonança, outro dia é revolta.

 

É sempre desse tipo,

quando se contrata,

se faz malfeito, só maltrata,

se faz de conta, é só bravata.

 

É sempre nesse tom,

quando se vence,

se faz de forte, só convence,

se faz de fraco, é só suspense.

 

Um dia nota, um dia ignora,

um dia se envolve, outro dia namora.

Um dia abraça, um dia briga,

um dia é carinho, outro dia é intriga.

 

É sempre nessa ordem,

quando se quer bem,

se há beijo, não há desdém,

se há poesia, aí é um “trem”.

 

É sempre lindo,

quando se ama,

se há interesse, o coração inflama,

se há reciprocidade, acabou-se o drama.

  • Autor: Marcelo Veloso (Offline Offline)
  • Publicado: 1 de agosto de 2022 09:35
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 12
Comentários +

Comentários1

  • Lilian Fátima

    As alternâncias do ser nas variações do momento. Felicitações pela poesia

    • Marcelo Veloso

      Obrigado, Lilian Fátima, pelas felicitações. Abraços.



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