Roberio Motta

Saudade:...

É o que fez bem

Perto do coração.

É memória do cérebro, 

é afago da solidão.

 

É o que fica de quem não fica,

É porta entreaberta,

Janela encostada,

Tramela da emoção.

 

É asas da dor do pensamento.

É brisa suave

que teima em abraçar

os distantes da visão.

 

É água fria,

É doce da vida.

É rede espremida

no punho da ilusão.

 

É mundo passado

teimando ser sol em noite.

É claro aceso,

É brasa que se esfumaça 

Deixando nuvem no céu da emoção.

 

É resto bom

grudado em lata vazia.

É roda gigante,

Carrossel de melodia.

 

Saudade é dor suave

Que rói sem corrosão.

É cancela ao distante,

É flor em suaves mãos. 

 

É rádio sem o radioamador

É goma com ovos e sal

É óleo de filhós 

Daqueles inda mornos

Que faz salivar a emoção.

 

É mesa posta 

É cadeira sem assento 

Cheia do verso que fica

É lua do dia a dia

É noite,

É precondia.

 

É pleno quase sem nada.

É terno ao cabide,

É vestido vazio,

É jardim que inda reside.

 

É quarador estendido

Escola em fim de semana

Teatro de fechada cortina

Terra molhada de água que se foi.

 

É roupa enxaguada 

No varal da solidão

É luzeiros alumiando

O vasto mar da escuridão.

 

 

Motta, Roberio 

Treze de Julho de um tal de Vinte Vinte e Dois. 

Fortaleza, Siriará – Terra da Luz.

 

  • Autor: Soldadinho do ARA-ARI-PE (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 22 de Julho de 2022 12:57
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 15


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